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Diarreia em bezerras: fluido terapia oral para o tratamento

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A atividade leiteira mudou muito nas últimas décadas e grandes avanços foram obtidos, não apenas nas vacas em lactação, mas também, na fase de recria. A criação de bezerras é de grande importância para a propriedade, porque favorece o descarte anual de vacas velhas ou com problemas.  Com isso, aumentamos a taxa de reposição e a quantidade de animais mais jovens entrando no rebanho, melhorando o desempenho genético e possibilitando uma maior produção de leite futura.

No entanto, apesar dos avanços ao longo dos anos, vários desafios são enfrentados pelo produtor nessa fase de criação. Os principais problemas enfrentados são: a septicemia, diarreia, pneumonia e tristeza parasitária. Contudo, a alta taxa de mortalidade e morbidade estão relacionadas, em sua maioria, à grande incidência de diarreia em bezerras nas primeiras quatro semanas de vida. No Brasil, a diarreia é de alta prevalência em todos os rebanhos e é considerada como principal causa de perda econômica na atividade. Devido ao gasto com veterinário e medicamentos e o baixo desenvolvimento do bezerro – como menor ganho de peso durante o período – os custos de criação aumentam significativamente.

O manejo utilizado na propriedade pode ser um dos fatores relacionados à diarreia em bezerras; a manutenção de um ambiente confortável e com boa higiene é muito importante nessa fase. Além disso, a nutrição animal também pode influenciar: uma boa colostragem nas primeiras horas de vida, o fornecimento de um leite de boa qualidade e uma ração balanceada são essenciais para o bom desenvolvimento das bezerras. A contaminação por patógenos, como protozoários, bactérias, vírus e helmintos, podem causar inflamações e doenças intestinais, assumindo papel importante na diarreia.

Dentre as explicações para a causa da diarreia em bezerras estão os distúrbios osmóticos e secretores, má absorção e alteração da motilidade intestinal. Durante a diarreia, os animais estão perdendo, principalmente, minerais, como: sódio, cloro, potássio e bicarbonato. As perdas de fluidos nas diarreias leves estão em torno de 6% do peso corporal da bezerra, mas em casos severos podem atingir uma faixa de 13 a 18%; e em casos críticos essas perdas podem chegar até 21% em 24 horas, aumentando de 22 a 40 vezes o volume fecal.

Grande parte das diarreias tem sintomas clínicos semelhantes que incluem desidratação, redução do volume plasmático e degradação da função renal. Para realizar o tratamento de forma eficiente é necessário que o responsável esteja disposto a entender todas as etapas do sistema de criação. É necessário o desenvolvimento de ferramentas que permitam monitorar o ambiente que as bezerras se encontram, desde o nascimento, a colostragem e a criação como um todo. De forma geral, os tratamentos utilizados nas propriedades brasileiras visam controlar a diarreia em bezerras por meio de antimicrobiano e quimioterápicos que são recomendados logo no início da diarreia. O uso constante desses produtos, além de aumentar os custos operacionais, favorecem a seleção e proliferação de cepas bacterianas mais resistentes. Os antimicrobianos devem ser utilizados quando observamos sinais de depressão, febre e anorexia, atrelado a casos mais graves e presença de sangue nas fezes.

O método da fluidoterapia é o indicado para o tratamento das diarreias em bezerras até as quatro primeiras semanas de vida. As soluções orais contêm sódio suficiente para suprir o déficit e normalizar o fluido extracelular, dois ou mais agentes que facilitam a absorção de água e sódio pelo trato gastrointestinal, podendo ser: glicose, citrato, acetato, propionato ou glicina, um agente alcalinizante como acetato ou bicarbonato e um fonte de energia, uma vez que a diarreia causa balanço energético negativo nos animais. Com isso, haverá correção do desequilíbrio hídrico e eletrolítico, mantendo a hidratação e o equilíbrio ácido-base dos animais. A solução eletrolítica deve ser fornecida, sempre que possível, via oral, por ser facilmente manuseada, mais barata e rapidamente administrada.

Para determinar a quantidade de fluido a ser administrado é necessário estimar o déficit de água corporal, ou seja, o grau de desidratação da bezerra. O grau de desidratação pode ser estimado de acordo com o comportamento da bezerra, posição do globo ocular, elasticidade da pele, aparência da mucosa e produção de urina. O volume fornecido deve ser suficiente para repor a perda diária de fluidos que ocorrem nas fezes, na urina, expelidos pelo ar e através da pele. A média varia entre 120 a 150 mL/kg/dia nas bezerras nascidas. Em casos de desidratação grave, maior que 10% de perdas, a fluidoterapia deve ser feita via intravenosa, intraperitoneal, subcutânea ou intraóssea, para reposição dos fluidos o mais rápido possível.

Uma das dúvidas mais frequentes sobre a terapia oral é se devemos continuar ou não com o fornecimento do leite. Estudos mostram que, quando o leite foi totalmente retirado durante o período de hidratação, os bezerros continuaram a perder peso. Quando o leite foi parcialmente retirado durante a hidratação, a perda de peso foi menor; e quando o fornecimento de leite foi mantido, os bezerros continuaram a crescer e ganhar peso normalmente.

O tratamento das bezerras com a fluidoterapia é indispensável. Quanto mais rápido for iniciado o tratamento da diarreia com a terapia oral, melhor será o prognóstico, permitindo um crescimento otimizado e possibilitando que a bezerra que está sendo criada seja uma forma de expansão do rebanho e melhoramento genético. Apesar disso, é importante lembrar que o melhor remédio é a prevenção de fatores que pré-dispõem o animal a diarreia, mantendo o local limpo e bem higienizado e fornecendo um alimento de qualidade.

         Jonas Sturmer, Téc.Agropecuaria DEPEC - COAGRIL

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